terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Dissertação - Exploda seu televisor

                Brigas, discussões, degradação social. Choro, reencontro, famílias perdidas. Esses são alguns dos temas abordados em alguns programas de televisão, cujo objetivo seria de comover as pessoas (como o caso de programas do SBT e Record) , ou somente preencher uma grade de programação e manter algo com (muita) audiência. Nesta situação, poucos são os programas de televisão que contribuem para elevar o nível intelectual dos telespectadores. Será que é esta a realidade? A saudosa TV está tão ruim assim?
                De um ponto de vista, sim. A Rede Globo de Televisão, há mais de dez anos, colocou no ar a primeira edição do reality show Big Brother Brasil, que reunia pouco mais de doze participantes, que ficaram confinados numa casa, a fim de simpatizar o público. Ao final, o vencedor levava R$ 500 mil. O programa foi apresentado por Pedro Bial, conceituado jornalista, responsável pelas transmissões da Queda do Muro de Berlim (1989), e pela Dissolução da União Soviética, em 1991. Uma surpresa para todos, pois Bial tinha uma imagem séria demais para um programa tão “descolado” como o BBB. Hoje, o programa tornou-se sinônimo de brigas, discussões, baixaria e degradação social. Além disso, Pedro Bial não “perde” mais seu tempo estudando as razões para a fome na África, muito menos cobrindo grandes acontecimentos, como a queda de Bin Laden; ele dedica o tempo para estudar a vida de cada um dos “heróis” O verdadeiro herói é aquele que trabalha duro para sustentar a família e dorme com medo de bala perdida, não um bando de bem-sucedidos em busca de dinheiro, namoradas ou capa de revista masculina.
                E do outro ponto de vista, também sim. A emissora de Silvio Santos, o popular SBT, coloca no ar programas cujos temas são as famílias perdidas, o choro, o reencontro. Carlos Massa, conhecido como Ratinho, apresentador do programa que leva seu nome, tem como objetivo explorar estas eventualidades já apresentadas, além da ridicularização das pessoas que esperam seus 15 segundos (isso mesmo, não minutos, porque tempo é dinheiro) de fama. Cristina Rocha apresenta um programa que junta tudo isso, o Casos de Família. O programa mostra famílias desmanteladas, brigas constantes entre irmãos, pessoas escandalosas (que fazem de tudo – mesmo – para aparecer) e os “pobres desclassificados”, que têm o simples objetivo de gritar, apontar dedos e falar rápido e cuspindo-se. O puro “colocar lenha na fogueira”. Após toda a confusão, de repente, anos de discórdia e rancor transformam-se em longos abraços e lágrimas, além de um sermão da apresentadora. Uma pura palhaçada.
                Uma simples solução – além de eficiente – seria não assistir a esse lixo todo. No entanto, como o brasileiro é alienado e fofoqueiro, coloca nesses canais para ver esses programas, que, mesmo sem somar absolutamente nada na vida, serve como assunto nas redes sociais ou em conversas com os amigos. Aí aquele que assiste o que realmente interessa, como o telejornal, programas educativos dos canais History e Discovery – pagos – são tachados de “burros” ou “nerds”. Mas no futuro, quem tem sucesso: o descolado ou o nerd?
                Infelizmente, o mundo não é perfeito, e temos que conquistar uma convivência sadia com todos, gostando dos programas que o próximo gosta ou não. Quer algo com qualidade? Assine os canais educativos. Sem grana? Assista apenas o telejornal, já que a novela saturou a todos. Não gosta de nada? Faça como a capa do álbum de 1988 do AC/DC: exploda o seu televisor.

NOTA OBTIDA: 10/10
REDAÇÃO ORIGINALMENTE ESCRITA EM 04/04/2012

Um comentário:

  1. Essa é, infelizmente, a nossa realidade. Muito bom seu texto :)

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