segunda-feira, 6 de abril de 2015

Dissertação - Homofobia: falácia ou modernidade?

                Roberto Cabrini comandou o último Conexão Repórter abordando o famigerado tema da homofobia. Para tanto, entrevistou agressores, vítimas e defensores ideológicos. De um lado, o ativista e intelectual Jean Wyllys (PSOL-RJ), 41, homossexual. No outro, o destemido Jair Messias Bolsonaro, (PP-RJ), 60, pai de quatro homens e uma menina de 04 anos de idade. Ambos já marcaram o cenário político com declarações em diversos âmbitos, mas algumas convergem para o mesmo ponto. Sendo assim, homossexualismo: falácia ou modernidade?
                O grupo Carecas, composto por encapuzados de cabeça raspada e mente voltada ao ódio e agressão aos membros da diversidade, afirma que “Deus fez o homem e a mulher; o homossexual é obra do Diabo; festas gays promovem a promiscuidade, há presença de drogas e doenças são proliferadas”. Indagados sobre o caso de um filho nascer homossexual, disseram que “educação vem de casa, e com certeza ele não seria”. Claramente, uma gangue de atitudes repudiáveis e que precisa ser parada.
                O ex-integrante do Big Brother Brasil, que ganhou certa notoriedade ao assumir sua condição em rede nacional e tornar-se defensor da causa homossexual, alcançou o cargo de Deputado Federal em 2011. Notavelmente, percebe-se que o mesmo usou de sua condição “revolucionária” para construir a carreira pública, usando propostas inovadoras como o contrapeso para a ausência de experiências prévias. De vez em quando, faz declarações um tanto desconexas, bem como exclui postagens de repercussão em redes sociais.
                Jair Messias Bolsonaro é Capitão da reserva do Exército Brasileiro. Com carreira política edificada desde 1988, conseguiu o passaporte à Brasília em 1990, onde permanece até hoje como Deputado Federal, com o gabinete repleto de referências à direita e ataques ao governo petista. Protagonizou duas polêmicas com a deputada Maria do Rosário (PT-RS), não tem papas na língua, realmente fala o que pensa, e no ano passado mandou que um avião cruzasse os céus do Rio de Janeiro, no dia 31 de março, com uma faixa sobre os 50 anos do Golpe de 64.
                Os dois políticos colocaram as cartas na mesa. Explicaram seus ideais, os motivos que os levam a defender seus pontos de vista e receberam perguntas um pouco árduas, como “e se o seu filho fosse homossexual?” e “você toparia debater o projeto com o Deputado Bolsonaro?”. Wyllys mostrou-se prepotente e arrogante ao afirmar que “jamais discutiria o projeto com ele, mesmo se estendesse a mão”. Já Bolsonaro disse que “a educação vem de casa, e não vejo palmadas e puxões de orelha como porrada; mas um mero corretivo”.
                É visto desde os anos 80 o surgimento de ícones populares homossexuais, como Freddie Mercury (Queen) e Cazuza, que gravou uma música com referência ao tema em 1984. Tal condição não os tornou piores nem melhores, apenas era um fator adjacente. O filme “Cruzeiro das Loucas” apresenta um momento de insight do personagem de Horatio Sanz (Nick), que percebe que embora os presentes fossem gays, isso não tirava o mérito deles; um era advogado criminal, outro paraquedista e havia um bombeiro.
                O “só não vale dançar homem com homem, nem mulher com mulher -  o resto vale” ecoa desde 1983 na voz de Tim Maia, mostrando implicitamente as ideologias da época (anos finais do Regime Militar) e da sociedade em geral, que estavam ganhando novos ares (ao final do clipe com Sandra de Sá, é dada uma nova ordem; “liberou geral, agora vale tudo”). O que acaba sendo afirmado na música dos Mamonas Assassinas, com a célebre “abra sua mente, gay também é gente”.
                O homossexualismo é tido como falácia ao confrontar um sistema que vem se perpetuando desde sempre, que é o da família tradicional, composto por pai, mãe e filhos. Muitos não conseguem enxergar um núcleo familiar com dois homens ou duas mulheres e um filho. Até porque, como apareceria esse filho? Pode ser por adoção, barriga de aluguel ou fertilização (no caso do casal feminino). Também é difícil começar a inserir esse modelo no sistema educacional, ainda mais para uma criança de cinco anos, com pouca noção do mundo.
                No entanto, há uma corrente movida pelo ideal “o filho que dois diferentes geram, não querem e maltratam, os dois iguais adotam, cuidam, amam e educam”, além de defender a quebra de paradigmas e afirmação da diversidade, lastreada pela liberdade de expressão, ir e vir e igualdade perante a lei. Tempos mudam, a televisão acaba mostrando o beijo gay na televisão como uma vitória perante os “defensores da família brasileira”, difundindo isso em horário nobre e com picos de audiência.
                Finalizando, uma das soluções para esse tema seria o intenso debate a respeito, deixando orgulho de lado e apontado prováveis meios de conciliação e convergência de ideais, para que todos sejam agradados e não haja efeitos colaterais. Muita coisa precisa ser revista. O ordenamento constitucional ainda não prevê a unidade familiar composta por dois iguais, embora diga que “todos são iguais perante a Lei”. Paradoxos e paradigmas podem e devem ser quebrados, para que a modernidade e a falácia tomem um rumo: igualdade de gênero.   

REDAÇÃO NÃO AVALIADA.         

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