Por que fizeram isso? Não havia
outro lugar para cometer este tipo de atrocidade, essa barbárie que me atinge
nesse momento? Estou aqui, estirado em um vagão de metrô, com vários corpos
mutilados ao meu lado, tentando a fuga deste inferno. Não consigo, pois eu
tento manter meus olhos abertos, mas estou tão, tão cansado. Mas por qual
motivo? Eu acabara de acordar para ir ao serviço, estava disposto, e agora me
encontro neste estado, sem ter feito qualquer tipo de atividade ou exercício
físico? Esse dia estava tão tranquilo. Precisava estragar?
Me dê um bom motivo para existir
esse tipo de coisa, um atentado a metrô. Já não basta a dor e sofrimento vivido
pelas pessoas de Madrid em 2004 e Londres em 2005? Os terroristas não estão nem
aí, afinal o próprio nome define a finalidade de sua existência: terror. Plantam
isso em qualquer lugar, sem se preocupar com consequências, apenas assumindo ou
negando a autoria de ataques. Qual o “código de ética” que eles seguem? Aliás,
se é que existe alguma ou algum tipo de pensamento neste viés.
Podem não ser terroristas,
apenas meros criminosos. Mas com qual finalidade? Estragar os sonhos e vidas de
outras pessoas, com um ínfimo, nefasto e sádico sentimento e prazer, o da dor
alheia? O que aquelas pessoas, inocentes, fizeram para os causadores desta
situação? Não que houvesse outro lugar para plantar o medo e pânico, sendo que
nenhum local é passível deste tipo de coisa. É incompreensível e inenarrável a
situação que vivo agora. Preso, com uma barra de ferro retorcida em minha perna.
E vários corpos sem vida.
Em um universo paralelo, nós
pegávamos o metrô, trabalhávamos, e depois retornaríamos à casa. Sem percalços,
confusões ou atrasos. Estou chorando neste momento. Me questionando “por que
comigo e essas pessoas?”. Não existe compreensão desta mentalidade insana.
Muito menos altruísmo, compaixão e fraternidade. Apenas aconteceu. Sem
cerimônias, anúncios ou qualquer prólogo. E agora o resgate chega. Os
socorristas choram, passam mal, com estômago embrulhado. Muitos morreram. Eu,
com sorte, escapei. Inenarrável.
REDAÇÃO NÃO AVALIADA
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