quarta-feira, 4 de março de 2015

Dissertação - Perdendo a infância?

                É tão engraçado ver como algumas pessoas conseguem estragar um ritmo musical que era considerado tão bom, com letras sem sentido, vulgarizando mulheres, cultuando a contravenção e o crime e idolatrando bandidos, além da ideia ridícula de “ostentação”. Esse é o atual cenário do funk no Brasil, o que faria James Brown, um dos pais do gênero, se revirar no túmulo. Quando tais palavras saem da boca de um adulto com pouco grau de instrução, é duro dizer que pode ser compreensível. E vindo de um menino de 12 anos? Pedro Maia Tempester, conhecido pela alcunha de MC Pedrinho, é um desses. Mas como sua infância pode ser perdida?
                Nascido em 3 de maio de 2002, o MC começou sua carreira “artística” em meados de 2014, e ganhou notoriedade após uma sóbria decisão da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Fortaleza/CE, após pedido do Ministério Público, que cancelou um show que seria realizado no município. As letras, que contém forte apelo sexual e apresentam a ostentação, foram consideradas inadequadas e vulgares, de acordo com o parecer do promotor Luciano Tonet. O problema não foi a promoção ministerial, muito pelo contrário; foi a cegueira por parte dos pais, que apoiam o menor a qualquer custo, sempre em defesa de seus interesses. Oras, que cultura é esta que está sendo criada?
                A infância das crianças está sendo perdida por causa de redomas criadas que servem apenas para o aumento do descontrole dos infantes, que passam a agir como se pudessem tudo, como se não houvesse punição e muito menos amanhã. E convictos de que alguém vai o aplaudir e legitimar. A autêntica criação de um delinquente. No caso de Pedro Maia, o caráter sexual de suas músicas mostra claramente o ato de superestimar uma coisa que é, digamos, natural, que acontece uma hora ou outra na vida de um indivíduo. E algo que é parte da profissão mais antiga da humanidade.
                Com o advento de “leis da palmada”, campos de correção de filhos, entre outros acontecimentos, isso mostra cada vez mais o despreparo por parte dos pais em criar uma criança. Deixam que o menor faça o que, como e quando quiser, alimentando um futuro de ingratidão e desobediência, além de um viés criminal, em certos casos. A tenência na vida de muitos pais e filhos é o que mais falta atualmente. E é preciso, urgentemente, de alguém apto para dar aquele “tapa na cara” e dizer “isso tá errado”. A lucidez é mais que necessária nesse âmbito. Será mesmo que as crianças são o futuro do país?

REDAÇÃO NÃO AVALIADA

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